domingo, 29 de abril de 2012

o poder do silêncio.
mistério, percepção, profundidade.
a arma, um silêncio apropriado;
silêncio, conhecimento adquirido,
um longo mergulho na essência,
na continuidade anunciada,
compreendida.
o silêncio é vencedor, erroneamente
tido como derrotado.
cresce em ofensa,
ataques velados disfarçados de
simples conformidade:
são fôlegos da eternidade
entendida, porém calada.


sábado, 21 de abril de 2012

Begorotire - O Homem Chuva



Begorotire era um índio feliz. Certo dia, porém, havendo sido injustiçado na divisão da caça, ficou furioso, decidindo que sairia à procura de outro lugar para viver. Cortou os cabelos da esposa e da filha, pintando toda a família com uma tintura preta que havia retirado do fruto do jenipapo. Pegou um pedaço de madeira pesada e resistente, fazendo a primeira borduna Caiapó, com o cabo trançado em preto e a ponta tingida com sangue da caça. Chegou então ao alto de uma montanha, levando sua arma, e começou a gritar. Seus gritos soaram como fortes trovões. Girou fortemente a borduna no ar e de suas pontas saíram relâmpagos. Em meio ao barulho e às luzes, Begorotire subiu aos céus. Os índios assustados atiraram suas flechas, mas nada conseguiu impedir que o índio desaparecesse no firmamento.
As nuvens, também assustadas, derramaram chuva. Por isso Begorotire tornou-se o homem chuva. Tempos depois, levou toda a família para o céu, onde nada lhes faltava, e de lá muito fez para ajudar os que na terra ficaram. Juntos sementes de suas fartas roças, secou-as sobre o girau, entregando-as a uma filha para trazê-las. A índia desceu dentro de uma cabaça enorme amarrada a uma longa corda, tecida com as próprias ramas do vegetal. Caminhando pela floresta, um jovem encontrou a cabaça, amarrou-a com os cipós e pedaços de madeira e, com ajuda dos amigos levou-a para a aldeia. A mãe, abrindo a cabaça, encontrou a índia, a filha da chuva, que estava magra e com longos cabelos, por lá haver permanecido muito tempo.
A jovem foi retirada e alimentada, e teve seus cabelos aparados. Ao ser indagada, a filha da chuva explicou por que viera, entregando-lhes as sementes enviadas por seu pai e deixando a todos muito felizes. O jovem que encontrou a cabaça casou-se com a moça, passando esta a morar novamente na terra. Com o tempo, resolveu visitar os pais. Pediu ao esposo vergasse um pé de Pindaíba, trazendo a copa até o chão. Sentou-se sobre ela e, ao soltarem a árvore, a índia foi lançada ao céu. Ao retornar, trouxe consigo toda a família e cestos repletos de bananas e outros frutos silvestres. Begorotire ensinou a todos como cultivar as sementes e cuidar das roças, regressando depois ao seu novo lar. Ate hoje, quando as plantas necessitam de água, o homem chuva provoca trovões, fazendo-a cair sobre as roças para mantê-las sempre verdes e fartas.
Fonte: Escola Vesper (Estudo Orientado)

quarta-feira, 18 de abril de 2012

a poeira se rebela mostrando poderes até então desconhecidos, canta ódios que não eram menos que rumores quando sabia-se que o gotejar de desprazeres ia só junto ao peito daqueles incomodados pela silhueta do tempo escorrido entre as tranças da solidão fria e costumeira. proteção de orixás ou descontrole de santos, surtos evangélicos ou profanação branda de falsos profetas, essas cores e os sabores das dores são encantadoramente aconchegantes, ruborizam e esfumaçam as linhas baixas das entranhas de cada dia, de cada momento singular, de cada passo estranho no resfolegar de marias. em largas guerras de brincar de esconder e não encontrar, embates de duras frentes, afrontadas pelo sopro de nada que ronda no ar, escorre pelos ombros e costas, voa por sobre sonhos e focos de pensamento purificado de essência. uma floresta de azedume, de marginalidade e de sadismo. ninguém quer brilhar mais do que um mártir. ou um leão. uma armadilha singela e ofuscada, que sempre soube ser.  

quarta-feira, 11 de abril de 2012

degas.


Os ventos
que balançavam as ideias
os mesmos
que hoje carregam palavras

Trouxeram o gosto,
o cheiro, aquelas vontades,
da boba adolescência,
da amizade afetuosa
incrustada no peito
no tempo

Que presenteiam hoje
com lembranças doces,
perfumadas, esfumaçadas,
minha alegria
romantizada, de menina.

Hoje a memória faz
uso de sua mágica estrada. 
um viva para o doce encanto do reino das lembranças!

segunda-feira, 2 de abril de 2012

oi poeta! 
tantas estradas
de perder;
de achar;
eu queria provar!
Esperança, hoje vilã -
vaga, vil e vã.
Como roupa que já
não serve mais:
"Esse 'Amor Eterno' 
não lhe serve mais, querida. 
Você está fora 
daqueles padrões."
Era uma vez,
uma época perdida.
Entre palavras que
escorreram como sangue,
pulsando pelo corpo, na alma.
Juntando cacos pode-se
obter uma obra de arte,
mas fragmentos desta
história pífia
não renderão alguma
bela canção de amor. 
"insiste em manter no peito uma tola chama de viver de amor. que piada."

poesia de pureza.