sábado, 26 de novembro de 2016

Amor

Mergulho no Movimento,
o Vento, a Chuva, as ondas do Mar
Em minha lentidão caminho,
Aprendi a Contemplar
sou Parte, sou Toda;
Há Amor em Tudo.
Ah! Que respiro o Caos,
aquele que preenche os buracos,
engendra Perfeita Sintonia e
Todos somos os Ancestrais Fundamentais
Vento, Chuva, as profundezas do Mar
Dançamos a dança do início, pois
Há Amor em Tudo.

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Encarnação.



Quando se percebeu no mundo, era tudo ilusão. Suas palavras descoradas mentem sobre sua fantástica mania de se descolar do real, e frente ao cotidiano que escorre em mesmices e rotinas de ordens e repetições, a fuga é recorrente, também inevitável. Perceber é tanto cair de um abismo de descontentamentos quanto recriar o que não foi, o que seria, o nada quase eloquente. Resistir é fingir, é reelaborar, e de em quando em quando encantar-se com os sonhos que são frágeis fios de condução de algum sentido, de alguma saída. O caos é contemplado de perspectivas doces, desde o tempo que não se sabe mais, posto que é da força perdida que retira a força que orienta sua conexão com o mundo, este que só assiste o crescimento desesperado da descrença, das violências e dos ódios gratuitos porque fundamentados em moralidades enviesadas e reduzidas ao ataque ao diferente, quando ser só é permitido se formatado naquele modelo de suposta boa conduta e de consumo contente. Enquanto isso tudo explode em sangue, perseguições e perdições, a dança do vazio é contemplada, os delírios são valorizados porque genuínos, quase um produto da esperança revoltada mas que não abandona nada, o céu, o sol, o mar de água salgada e potencializadora. Reúne a inocência de não estar, a resiliência de ser quase humano, a auto insatisfação da covardia, e com a face lavada pela chuva e alimentada pelo vento encara a existência, pois assim não vai desistir, carregando o peso da Vida com seus perigosos enganos e algumas doçuras de encantos. Firme caminha pelo vale da solidão, com um sorriso ou outro gracejo para a escuridão de sua alma. Uma brincadeira boba de viver para sobreviver.

Emaranhado.



Levante os olhos para a poeira que formei,
Cantando as preces mais potentes.
Decifre agora os códigos que carrego no peito
Suga toda a gigantesca doçura desta alma
Que carrega almas de outras fortalezas.
Vamos chorar toda a dor e todo o amor,
Emaranhados, por todos os lados,
Envolvidos por isso que nem sabemos o que é,
Tratemos de desconstruir, incluir, resistir,
Sorrindo, e cantarolando baixo todas as aventuras:
Rotinas, penúrias, aquelas iluminações pequenas.
Imensidões de nós.         

Palco isolado de todos nós.



O que fazemos é nos esconder. Ficamos enfurnados em casa, poderosos e atrozes por detrás da arma mais letal que inventamos para nossa perdição, que potencializa o que há de mais podre em cada um de nós, em cada canto do mundo. O muro tecnológico oferece ferramentas de guerra, fácil alcance e nenhuma necessidade de confronto real, e neste mundo paralelo posso ser quem eu quiser, posso dizer o que quiser, posso vomitar todas as minhas frustrações, ódios e recalques. A poderosa máquina nos revelou mais violentos, mais imediatistas, mais mentirosos, e somos capazes de esquecer o quão covardes somos, que nada sabemos, que nos controlam como a marionetes estupidamente conformadas. Através do computador podemos então revelar o que levamos na alma, aqueles pensamentozinhos medonhos que costumávamos guardar para nós mesmos, aqueles que só falávamos quando muito provocados, aqueles que ficavam enterrados embaixo da falsa cortesia, do bom senso mínimo, da vergonha própria e alheia. Agora estes mesmos juízos que atropelam a dignidade humana, a solidariedade, a educação e o amor ao próximo são motivos de comemoração, de compartilhamentos, de continuidades grotescas, numa sequência assustadora de palavras ofensivas que a cada momento são postadas como verdades das menos incontestáveis. Nossos monstros estão mais aparentes do que nunca, ratificados uns nas palavras e ações dos outros monstros, postos para fora com orgulho e apoiados pela massa egoísta e formatada.

poesia de pureza.