segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Sai por aí, recolhendo palavras
uma aqui, mais outra acolá,
procuro pelo perfeito, 
mas quem me encontra 
são meus desvarios doces. 

Recolho uma palavrinha ali, e
com um palavrão eu me resolvo
me dou conta de quem não sou,
onde caminhos se desencontram

Algumas aparecem nos sorrisos
alheios a mim, em outras bocas,
são flores com perfume de sentido

Eu gosto mesmo quando carregam 
as aventuras da rotina de ser, só

Quando falar é poesia de viver tudo

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Paul Lewin - "The Crow and the Carnival King"


Periódicos.

As crônicas da mentira, criadas todo dia, estimulam os ódios e a segregações, em desequilíbrio e sem pudor. Quando amanhece já estão prontas. Contam histórias violentas, outras tão bobas e sempre repletas de pormenores que decapitam desejos, dos mais simples e puros, aos mais famintos de sangue e igualmente ingênuos, numa ordem dita natural. A máquina de matar não quer dividir, não vai possibilitar, vai colaborar somente com suas próprias engrenagens sujas, de óleo velho, de dinheiro emporcalhado e da vontade de poder sem freios, animalesca demais, que veste um belo traje racional e bem amparado por teorias sem sentido afastadas de todos nós, antessalas do inferno. Publicadas, tornam-se verdades incontestáveis, pela preguiça, pela limitação produzida. Quão fácil suprimir vidas, aniquilar sonhos, calar lutas. Veta úteros, queima inocentes, empodera as vozes que reverberam suas sentenças de morte, de vida eterna, seus crimes e suas aspirações porcas. Todos impossibilitados, alguns ainda gritam o que consideram verdades, levam consigo seus escudos de mais teorias e algumas experiências doces, ideais cristalizados. Nada, e quem aquilatar os escritos, perdidos com o vento, terá angústias garantidas, fomentadas pelo desejo humano, demasiadamente humano, de conhecer.  
Por onde vai, corre o vento
encanta a brisa de cheiro doce
desliza em flores e cores
pelo céu deixa as marcas do que é,
já foi, respira desejos que crescem
no peito que aspira sua vida
cede às nuvens seus sorrisos
grita ao coração que germina
as sementes de suas lembranças
forja as armas para os confrontos
de todo dia, os instantes alegram-se
caminhando preguiçosos e juntos. 

poesia de pureza.