quinta-feira, 30 de julho de 2009


Livro: "Olho por olho - os livros secretos da ditadura", de Lucas Figueiredo.

"De volta aos quartéis, em 1985, os militares golpistas de 1964, com o apoio das gerações seguintes da caserna, decidiram silenciar sobre os crimes perpetrados durante a ditadura militar. Tratava-se de um plano de esquecimento calcado na Lei da Anistia, de 1979, mas surpreendentemente desconstruído logo nos primeiros meses da redemocratização. Sem estardalhaço, no dia 15 de julho de 1985, o livro “Brasil: Nunca Mais” apareceu nas principais livrarias do país e provocou um terremoto nas pretensões de amnésia coletiva alimentadas pela turma fardada que havia mandado e desmandado, por 21 anos, na República. O BNM era uma obra de 312 páginas, resultado de seis anos de trabalho clandestino de voluntários sob o manto protetor do cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, ex-arcebispo de São Paulo, e do falecido reverendo Jaime Wright, pastor presbiteriano defensor da causa dos direitos humanos no Brasil. O livro era um resumo sucinto, mas devastador, da rotina de torturas, assassinatos e desaparecimentos forçados de presos políticos durante a ditadura.


Lucas Figueiredo colocou as mãos em um exemplar encapado do “Orvil” e o dissecou com afinco. Teve o cuidado de cruzar informações em bases de dados distintas. É a visão do repórter que norteia o encadeamento dos capítulos de “Olho por olho”, o título a sugerir a óbvia vingança. A estrutura de jornalismo literário torna simples e didática, quando não divertida, a compreensão dessa passagem assustadoramente recente da história nacional. Mostra, por exemplo, que no afã de recontar a história da ditadura, os militares do Projeto Orvil acabaram por revelar o destino de presos políticos desaparecidos. A principal revelação de Figueiredo, no entanto, não é exatamente o conteúdo do “Orvil”, embora isso já valha a leitura, mas a bizarra salada ideológica do livro secreto da ditadura, para não falar da infinita capacidade de seus guardiões de reinventarem a verdade."
Finalizei a leitura deste livro após determinada frustração por tê-lo comprado sem maior conhecimento da obra. Sou historiadora, e a leitura de um livro de pesquisa histórica confeccionado por um jornalista causa níveis de repulsa variáveis entre historiadores. Pois bem, a leitura é muito fácil e a escrita dinâmica, portanto um livro rápido.
O melhor mesmo é que o autor disponibilizou o site onde o PROJETO A, base de dados riquíssima utilizada na produção do BNM. Vai lá:

precipitações°


sábado, 11 de julho de 2009

Herbert Marcuse.


Herbert Marcuse nasceu em Berlim numa família de judeus assimilados. Foi membro do Partido Social-Democrata Alemão entre 1917 e 1918, tendo participado de um Conselho de Soldados durante a revolução berlinense de 1919, na seqüência da qual deixou o partido. Estudou filosofia primeiro em Berlim e depois em Freiburg, onde estudou literatura alemã contemporânea e complementarmente filosofia e economia política. Em 1922 defendeu sua tese “O Romance de Arte alemão”. Tese esta claramente inspirada na obra do Lukács pré-marxista e na de Hegel.
Marcuse se preocupava com o desenvolvimento descontrolado da tecnologia, o racionalismo dominante nas sociedades modernas, os movimentos repressivos das liberdades individuais, o aniquilamento da Razão . Para os membros do grupo de Frankfurt, o proletariado se perdeu ao permitir o surgimento de sistemas totalitários como o nazismo e o stalinismo por um lado, e a "indústria cultural" dos países capitalistas pelo outro lado. Quem substitui os proletários? Aqueles cuja ascensão a sociedade moderna de modo algum permite, os miseráveis que o bem-estar geral não conseguiu incorporar, as minorias raciais, os outsiders.

No livro “Ideologia da Sociedade Industrial”, Marcuse repete a crítica ao racionalismo (irracional, pois não fundado na verdadeira Razão) da sociedade moderna, e tenta ao mesmo tempo esboçar o caminho que poderá nos afastar dele. O caminho será, por um aspecto, a contestação da sociedade pelos marginais que a sociedade desprezou ou não conseguiu beneficiar. Será por outro aspecto o desenvolvimento extremo da tecnologia, que deverá ter, segundo Marx e Marcuse, efeitos revolucionários. Quais são estes efeitos? O problema da sociedade moderna é a invasão da mentalidade mercantilista e quantificadora a todos os domínios do pensamento. Essa mentalidade se representa economicamente pelo valor de troca, ligado de modo íntimo aos processos de alienação do homem. E, segundo Marx, com o desenvolvimento extremo da tecnologia “a forma de produção assente no valor de troca sucumbirá”. A sociedade moderna, sentindo, que sua base a tecnologia - contém seu rompimento, age repressivamente para evitar este avanço extremo. Marcuse tinha esperança de que não.

Texto retirado do fotolog da banda SODO, escrito por FF, sobre Vanguardas de Quintais no Tendal da Lapa, 05/07/09.



"Sodo no Tendal da Lapa09/07/09"
"Esse foi o nosso primeiro show com o Regera na batera. Na hora do nosso show nós três (FF, Jiliane e Regera) já estavamos esgotados,. desde de manhã carregando equipo e tudo mais,. mais a vibração estava muito boa, já tinhamos visto o Detroit, o Bass n troubles e o Superduo, a vontade de fazer um som superava qualquer cansaço.. por fim foi um show bem curto, tivemos que tirar quatro sons da banda do repertorio por conta da troca do baterista, mais foi muito prazeroso da forma que rolou ..Depois da gente tocou o La Carne, showzaço!!. e depois o Monaural pra arrebentar tudo e encerrar a data com uma prerrogativa grunje .._Acho necessário tbm comentar sobre a postura da banda La Carne, nós já organizamos muitos shows como este, sabemos que "frescura" é uma prática bem comum entre bandas, mais estes caras apareceram no Tendal e mostraram do que se trata, indiferente da quantidade de pessoas presentes o caras fizeram um puta show, no feeling, além de montar uma rede de comunicação com quase todos presentes, os caras foram os primeiros a chegar e estavam la todos os shows, prestando atenção, insentivando, logo após registraram tudo no "diario de bordo" no site da banda (www.lacarne.com.br) sitando link pra ouvir todo mundo, dando detalhes do show de cada banda, um trampo muito bem elaborado, tratado com a mesma atenção e zelo que o post anterior que falava de um show que a banda fez um dia antes do tendal junto e organizado com o Wander Wildiner, parabéns ao La Carne pela atitude e ombridade, uma lição de rock independente pra todo mundo!!No mais, valeu todas as banda que colaram, gana de todas as bandas fez da data um dia muito especial, valeu a força de todos sem escessão! Superduo, Bass n troubles, Monaural, La Carne, Robertones, Detroit vcs são foda, tamô junto!!"

Site do La Carne: Diário de Bordo (transcrito)


Texto muito bem elaborado e sacado da banda La Carne, que mantém em seu site um espaço chamado "Diário de Bordo", onde há registros do trampo sério dos caras, que descrevem e comentam os shows (não só deles, mas de todas as bandas!!!). Neste trecho do diário, falam sobre o micro festival organizado por Walder Wildner no Hangar, em 04/07/09 e também sobre o Vanguardas de Quintais, caro projeto organizado por FF com algum auxílio meu (!!!), no Tendal da Lapa, em05/07/09.





"Micro festival "É Rock!" - Hangar 110 - 04/07/2009
"Wander Wildner viu a gente tocando na Livraria da Esquina, e disse que queria fazer um show cunóis. Prometeu e cumpriu: organizou um "micro-festival independente" com várias bandas legais no Hangar 110, e nos chamou. Bah!
Chegamos cedo no Hangar. Rubens K, poeta relapso e contrabaixista da Fábrica de Animais, tinha acabado de chegar de Metrô. Umas latas, e então entramos no recinto. Eduardo Negão, Ricardinho, Lek e Cláudio MauMau (quanto tempo!), manos de Mogi e outros amigos chegando, além das pessoas que sempre frequentam o Hangar. Uma hora depois, começou a gig.
Stuart é de Blumenau e estão morando aqui já há algum tempo. Guitarra-baixo-batéra. Canções que contam boas histórias. Punks falidos, putas que comiam retratos, ilusões e falsos amigos. Verdades cortantes. Arranjos bem largadões, Graforréia, Jupiter Maçã, Pavement, Wilco. Já rodaram o país como banda de apoio do Wander Wildner e agora lançaram "Teatro que Celebra a Extinção do Inverno", CD com belas e venenosas canções. "O melhor CD de 2008", segundo escreveu o crítico Arturo Bandini. Grata surpresa pra nós.
Depois foi La Carne. Na primeira música a guitarra tava meio baixa, mas o cara da mesa se ligou rapidinho e deu um jeito lá. Ficou bom. Aí mandamos ver o nosso "um rock-meio-loser" (ouvimos esse comentário balbuciado por algum gênio no camarim, e achamos sensacional!), tocamos 7 músicas, deu meia hora, certinho. Nóis é certinho, cê tá ligado. Porra, falando sério: puta palco o do Hangar 110, uns peá classe - sempre quisemos tocar lá, desde o tempo em que a Cherry era promoter do lugar. Foi classe tocar lá.
Depois veio os Faichecleres, que estão no circuito há uns dez anos e já são conhecidos no Brasil inteiro. Mandaram seu teenager rocknroll com muita propriedade e entusiasmo - muita gente cantou todas as músicas dos caras, foi um show muito animado. O mesmo aconteceu com os Rock Rockets, que aceleraram a noite com seu som porrada na oreia "mulhé-pelada, bebidalcólica, vampáfesta!". Eu já conhecia o trabalho dos caras através do CD "Por Um Rocknroll Mais Alcólatra e Inconsequente". Ao vivo, eles cumprem a promessa. Ponto pra eles.
...
Somos homens velhos. Em 1986 estávamos na escola, tentando estudar pra prova de Ciências, na mesa da cozinha. Ouvíamos o programa do Paulo Lima (Trip) na rádio 97 FM de Santo André (!!!), porque ele tocava "Boy do Subterrâneo", "O Futuro é Vortex" e "Surfista Calhorda". E o Wander Wildner já tava lá, berrando suas maledicências.
Esse cara perambulou por toda a história do rock brasileiro dos 80 pra cá, já comeu muita poeira, conheceu o céu e o inferno. E lá estava ele, diante de nós. Fez-se um menestrél punk, e um trabalhador incansável - veja só: o cara organizou o festival, chamou as bandas, fez os flyers, imprensa, e ainda foi o MC da festa, anunciando ao microfone, uma por uma, todas as bandas. Um gaulês irredutível! Tocando com duas minas fodônas - Georgia no baixo e Pitchú na bateria, o gaúcho deu uma aula de rocknroll e malandragem.
Logo no início do show, o ampli de guitarra começou a falhar. O gaulês não teve dúvida: meteu um pontapé no Marshall! , que quase desmoronou ...e gritou, com aquele sotaque gauchão: "Bah, tenho certeza que amanhã, que é show do Fresno aqui, o som vai tá perfeito!" O povo foi ao delírio!, e dezenas de vozes entoaram um "Pau-no-cú-do-Fresnô! Pau-no-cú-do-Fresnô!".
Cara, eu ria que me mijava! Muito bom. O ampli voltou a obedecer, e o tropeiro continuou sua marcha, com sucessos cantados em coro pelo público. "Não Consigo ser Alegre o Tempo Inteiro", "Eu Tenho Uma Camiseta Escrito Eu Te Amo", "Bebendo Vinho" e outras - só sucessos!.
O punk brega ficou pra trás. Wander é o cancioneiro feroz do rock brasileiro. E a ele nossa gratidão pelo convite.
E pau no cú do Fresno!"
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"TENDAL DA LAPA Projeto Vanguarda dos Quintais - 05/07/2009
Domingo à tarde, fomos tocar em outro festival, no Tendal da Lapa.
Já tinhamos tocado lá, há alguns anos. Esquema totalmente guerrilha dos caras do projeto Vanguarda dos Quintais (do caralho esse nome!) tocado pelo Fabio FF e seus comparsas.
Só que agora os shows rolam num grande galpão de uma antiga Fábrica, com algumas fotos, quadros e grafites na parede. Trens de subúrbio passavam logo ao lado, de 10 em 10 minutos. Puta lugar legal, a Lapa é um dos bairros mais antigos de SP.
Quando chegamos estavam já tocando Os Robertones. Umas versões a la Ramones de Roberto Carlos e Léo Jaime, jovem-guarda e muita cachaça em garrafas plásticas, uma verdadeira farra entre amigos. Tinha pouca gente, mas pra quem sabe se divertir, não tem tempo ruim.
A festa tava animada. (o foda era ter que ir toda hora comprar cerveja lá fora). Umas crianças zuando e correndo pra lá e pra cá, presença dos queridos Pierre Masato , Luana e Fabio Visitantess. E tava só começando.
Quem esteve presente pode assistir à performance de dois dos melhores power-trios de SP: Detroit e Monaural.
Detroit tem um baterista supersônico, que espicaçou umas 4 baquetas descendo o braço na caixa e nos pratos, animal. Uns riffs jts RonAshtônicos, e o vocal esperto de Mr. Moco Datsun - entre uma estrofe e outra metralhando o teto da fábrica com seu Riquembêiquer vermelho. Comprei o CD dos caras, "Pomona" numa loja da Galeria, a Sensorial, e não me arrependi. Motorzão Mustang 6 canéco véio, não tem como falhar!
Com o Monaural já tocamos umas 3 vezes, e acho que estão em sua melhor fase. Lançaram o CD "Expurgo", onde suas nítidas (e assumidas) influências de Nirvana vão se fundindo á outros venenos - ecos de Monster Magnet, Gumball, Black Montain, Dinosaur Jr... estão cada vez mais afiados, dominam o palco. Linari até deu um pitaco em "Acaba Logo com Isso".
Bass'n'troubles são da ZL, São Mateus. É a banda da blondie Renata Paola e do gigante Fernando Sioni. Baixo e batéra, punk visceral, feminismo, protesto, moderno e vigoroso.
Franco Jr. e Lu Costello são o Superduo. Surfam nas ondas de Jesus & Mary Chain, Black Rebel Motorcycle Club e She Wants Revenge. Maquinados com duas guitarras, ritmo eletrônico, óculos escuros e línguas afiadas, os caras montaram a banda no verão desse ano, e estão por aí à procura de encrenca.
E nosso anfitrião, Fabio FF também se apresentou com sua banda SODO, ao lado da baixista Jiliane e do baterista Régis - que se juntou a eles, me parece, em definitivo. Mesclaram músicas próprias com covers de muito bom gosto - Buffalo Tom, New Model Army e até Johnny Cash. Como já disse, tinha pouca gente, o lugar era grande demais, mas tudo ok, o show foi jóia, várias pessoas agitando 51"State of America na frente do palco.
Tocamos antes do Monaural, e foi tudo bem grasszadeuzz, abrimos com Granada e fechamos com Vergonha na Cara.
E ó, obrigado a todos pela receptividade. Tâmojunto, ok?
Agora, é Santo Antonio do Pinhal.
Bóra?"




La Carne no Tendal da Lapa, 05/07/09.
( o site tem muita coisa boa: inclusive a venda de cds e camisetas da banda!!!)

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Poesia.

A metafísica dos teus olhos
esboçaria se houvessem
possíveis e agradáveis
sentenças coloridas.
Na análise fria
o instante da paixão,
meu insight,
é a ofuscante e
inexorável atração.
Ouviria as baladas
de qualquer bebum
alucinadamente real,
as lamúrias e feridas
de espasmo político/
econômico
socialmente implacável.
Vejamos neste crepúsculo,
hoje e não mais amanhã,
nossa sede estirada
junto a vontade que
erra cambaleando nestes
versos.






por jiliane.

Pina Bausch - dança.


Bailarina em cena de espetáculo da coreógrafa alemã Pina Bausch.
fonte: 13.mai.2004/Divulgação

poesia de pureza.