Texto muito bem elaborado e sacado da banda La Carne, que mantém em seu site um espaço chamado "Diário de Bordo", onde há registros do trampo sério dos caras, que descrevem e comentam os shows (não só deles, mas de todas as bandas!!!). Neste trecho do diário, falam sobre o micro festival organizado por Walder Wildner no Hangar, em 04/07/09 e também sobre o Vanguardas de Quintais, caro projeto organizado por FF com algum auxílio meu (!!!), no Tendal da Lapa, em05/07/09.
FONTE: http://www.lacarne.com.br/
"Micro festival "É Rock!" - Hangar 110 - 04/07/2009
"Wander Wildner viu a gente tocando na Livraria da Esquina, e disse que queria fazer um show cunóis. Prometeu e cumpriu: organizou um "micro-festival independente" com várias bandas legais no Hangar 110, e nos chamou. Bah!
Chegamos cedo no Hangar. Rubens K, poeta relapso e contrabaixista da Fábrica de Animais, tinha acabado de chegar de Metrô. Umas latas, e então entramos no recinto. Eduardo Negão, Ricardinho, Lek e Cláudio MauMau (quanto tempo!), manos de Mogi e outros amigos chegando, além das pessoas que sempre frequentam o Hangar. Uma hora depois, começou a gig.
Stuart é de Blumenau e estão morando aqui já há algum tempo. Guitarra-baixo-batéra. Canções que contam boas histórias. Punks falidos, putas que comiam retratos, ilusões e falsos amigos. Verdades cortantes. Arranjos bem largadões, Graforréia, Jupiter Maçã, Pavement, Wilco. Já rodaram o país como banda de apoio do Wander Wildner e agora lançaram "Teatro que Celebra a Extinção do Inverno", CD com belas e venenosas canções. "O melhor CD de 2008", segundo escreveu o crítico Arturo Bandini. Grata surpresa pra nós.
Depois foi La Carne. Na primeira música a guitarra tava meio baixa, mas o cara da mesa se ligou rapidinho e deu um jeito lá. Ficou bom. Aí mandamos ver o nosso "um rock-meio-loser" (ouvimos esse comentário balbuciado por algum gênio no camarim, e achamos sensacional!), tocamos 7 músicas, deu meia hora, certinho. Nóis é certinho, cê tá ligado. Porra, falando sério: puta palco o do Hangar 110, uns peá classe - sempre quisemos tocar lá, desde o tempo em que a Cherry era promoter do lugar. Foi classe tocar lá.
Depois veio os Faichecleres, que estão no circuito há uns dez anos e já são conhecidos no Brasil inteiro. Mandaram seu teenager rocknroll com muita propriedade e entusiasmo - muita gente cantou todas as músicas dos caras, foi um show muito animado. O mesmo aconteceu com os Rock Rockets, que aceleraram a noite com seu som porrada na oreia "mulhé-pelada, bebidalcólica, vampáfesta!". Eu já conhecia o trabalho dos caras através do CD "Por Um Rocknroll Mais Alcólatra e Inconsequente". Ao vivo, eles cumprem a promessa. Ponto pra eles.
...
Somos homens velhos. Em 1986 estávamos na escola, tentando estudar pra prova de Ciências, na mesa da cozinha. Ouvíamos o programa do Paulo Lima (Trip) na rádio 97 FM de Santo André (!!!), porque ele tocava "Boy do Subterrâneo", "O Futuro é Vortex" e "Surfista Calhorda". E o Wander Wildner já tava lá, berrando suas maledicências.
Esse cara perambulou por toda a história do rock brasileiro dos 80 pra cá, já comeu muita poeira, conheceu o céu e o inferno. E lá estava ele, diante de nós. Fez-se um menestrél punk, e um trabalhador incansável - veja só: o cara organizou o festival, chamou as bandas, fez os flyers, imprensa, e ainda foi o MC da festa, anunciando ao microfone, uma por uma, todas as bandas. Um gaulês irredutível! Tocando com duas minas fodônas - Georgia no baixo e Pitchú na bateria, o gaúcho deu uma aula de rocknroll e malandragem.
Logo no início do show, o ampli de guitarra começou a falhar. O gaulês não teve dúvida: meteu um pontapé no Marshall! , que quase desmoronou ...e gritou, com aquele sotaque gauchão: "Bah, tenho certeza que amanhã, que é show do Fresno aqui, o som vai tá perfeito!" O povo foi ao delírio!, e dezenas de vozes entoaram um "Pau-no-cú-do-Fresnô! Pau-no-cú-do-Fresnô!".
Cara, eu ria que me mijava! Muito bom. O ampli voltou a obedecer, e o tropeiro continuou sua marcha, com sucessos cantados em coro pelo público. "Não Consigo ser Alegre o Tempo Inteiro", "Eu Tenho Uma Camiseta Escrito Eu Te Amo", "Bebendo Vinho" e outras - só sucessos!.
O punk brega ficou pra trás. Wander é o cancioneiro feroz do rock brasileiro. E a ele nossa gratidão pelo convite.
E pau no cú do Fresno!"
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"Wander Wildner viu a gente tocando na Livraria da Esquina, e disse que queria fazer um show cunóis. Prometeu e cumpriu: organizou um "micro-festival independente" com várias bandas legais no Hangar 110, e nos chamou. Bah!
Chegamos cedo no Hangar. Rubens K, poeta relapso e contrabaixista da Fábrica de Animais, tinha acabado de chegar de Metrô. Umas latas, e então entramos no recinto. Eduardo Negão, Ricardinho, Lek e Cláudio MauMau (quanto tempo!), manos de Mogi e outros amigos chegando, além das pessoas que sempre frequentam o Hangar. Uma hora depois, começou a gig.
Stuart é de Blumenau e estão morando aqui já há algum tempo. Guitarra-baixo-batéra. Canções que contam boas histórias. Punks falidos, putas que comiam retratos, ilusões e falsos amigos. Verdades cortantes. Arranjos bem largadões, Graforréia, Jupiter Maçã, Pavement, Wilco. Já rodaram o país como banda de apoio do Wander Wildner e agora lançaram "Teatro que Celebra a Extinção do Inverno", CD com belas e venenosas canções. "O melhor CD de 2008", segundo escreveu o crítico Arturo Bandini. Grata surpresa pra nós.
Depois foi La Carne. Na primeira música a guitarra tava meio baixa, mas o cara da mesa se ligou rapidinho e deu um jeito lá. Ficou bom. Aí mandamos ver o nosso "um rock-meio-loser" (ouvimos esse comentário balbuciado por algum gênio no camarim, e achamos sensacional!), tocamos 7 músicas, deu meia hora, certinho. Nóis é certinho, cê tá ligado. Porra, falando sério: puta palco o do Hangar 110, uns peá classe - sempre quisemos tocar lá, desde o tempo em que a Cherry era promoter do lugar. Foi classe tocar lá.
Depois veio os Faichecleres, que estão no circuito há uns dez anos e já são conhecidos no Brasil inteiro. Mandaram seu teenager rocknroll com muita propriedade e entusiasmo - muita gente cantou todas as músicas dos caras, foi um show muito animado. O mesmo aconteceu com os Rock Rockets, que aceleraram a noite com seu som porrada na oreia "mulhé-pelada, bebidalcólica, vampáfesta!". Eu já conhecia o trabalho dos caras através do CD "Por Um Rocknroll Mais Alcólatra e Inconsequente". Ao vivo, eles cumprem a promessa. Ponto pra eles.
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Somos homens velhos. Em 1986 estávamos na escola, tentando estudar pra prova de Ciências, na mesa da cozinha. Ouvíamos o programa do Paulo Lima (Trip) na rádio 97 FM de Santo André (!!!), porque ele tocava "Boy do Subterrâneo", "O Futuro é Vortex" e "Surfista Calhorda". E o Wander Wildner já tava lá, berrando suas maledicências.
Esse cara perambulou por toda a história do rock brasileiro dos 80 pra cá, já comeu muita poeira, conheceu o céu e o inferno. E lá estava ele, diante de nós. Fez-se um menestrél punk, e um trabalhador incansável - veja só: o cara organizou o festival, chamou as bandas, fez os flyers, imprensa, e ainda foi o MC da festa, anunciando ao microfone, uma por uma, todas as bandas. Um gaulês irredutível! Tocando com duas minas fodônas - Georgia no baixo e Pitchú na bateria, o gaúcho deu uma aula de rocknroll e malandragem.
Logo no início do show, o ampli de guitarra começou a falhar. O gaulês não teve dúvida: meteu um pontapé no Marshall! , que quase desmoronou ...e gritou, com aquele sotaque gauchão: "Bah, tenho certeza que amanhã, que é show do Fresno aqui, o som vai tá perfeito!" O povo foi ao delírio!, e dezenas de vozes entoaram um "Pau-no-cú-do-Fresnô! Pau-no-cú-do-Fresnô!".
Cara, eu ria que me mijava! Muito bom. O ampli voltou a obedecer, e o tropeiro continuou sua marcha, com sucessos cantados em coro pelo público. "Não Consigo ser Alegre o Tempo Inteiro", "Eu Tenho Uma Camiseta Escrito Eu Te Amo", "Bebendo Vinho" e outras - só sucessos!.
O punk brega ficou pra trás. Wander é o cancioneiro feroz do rock brasileiro. E a ele nossa gratidão pelo convite.
E pau no cú do Fresno!"
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"TENDAL DA LAPA Projeto Vanguarda dos Quintais - 05/07/2009
Domingo à tarde, fomos tocar em outro festival, no Tendal da Lapa.
Já tinhamos tocado lá, há alguns anos. Esquema totalmente guerrilha dos caras do projeto Vanguarda dos Quintais (do caralho esse nome!) tocado pelo Fabio FF e seus comparsas.
Só que agora os shows rolam num grande galpão de uma antiga Fábrica, com algumas fotos, quadros e grafites na parede. Trens de subúrbio passavam logo ao lado, de 10 em 10 minutos. Puta lugar legal, a Lapa é um dos bairros mais antigos de SP.
Quando chegamos estavam já tocando Os Robertones. Umas versões a la Ramones de Roberto Carlos e Léo Jaime, jovem-guarda e muita cachaça em garrafas plásticas, uma verdadeira farra entre amigos. Tinha pouca gente, mas pra quem sabe se divertir, não tem tempo ruim.
A festa tava animada. (o foda era ter que ir toda hora comprar cerveja lá fora). Umas crianças zuando e correndo pra lá e pra cá, presença dos queridos Pierre Masato , Luana e Fabio Visitantess. E tava só começando.
Quem esteve presente pode assistir à performance de dois dos melhores power-trios de SP: Detroit e Monaural.
Detroit tem um baterista supersônico, que espicaçou umas 4 baquetas descendo o braço na caixa e nos pratos, animal. Uns riffs jts RonAshtônicos, e o vocal esperto de Mr. Moco Datsun - entre uma estrofe e outra metralhando o teto da fábrica com seu Riquembêiquer vermelho. Comprei o CD dos caras, "Pomona" numa loja da Galeria, a Sensorial, e não me arrependi. Motorzão Mustang 6 canéco véio, não tem como falhar!
Com o Monaural já tocamos umas 3 vezes, e acho que estão em sua melhor fase. Lançaram o CD "Expurgo", onde suas nítidas (e assumidas) influências de Nirvana vão se fundindo á outros venenos - ecos de Monster Magnet, Gumball, Black Montain, Dinosaur Jr... estão cada vez mais afiados, dominam o palco. Linari até deu um pitaco em "Acaba Logo com Isso".
Bass'n'troubles são da ZL, São Mateus. É a banda da blondie Renata Paola e do gigante Fernando Sioni. Baixo e batéra, punk visceral, feminismo, protesto, moderno e vigoroso.
Franco Jr. e Lu Costello são o Superduo. Surfam nas ondas de Jesus & Mary Chain, Black Rebel Motorcycle Club e She Wants Revenge. Maquinados com duas guitarras, ritmo eletrônico, óculos escuros e línguas afiadas, os caras montaram a banda no verão desse ano, e estão por aí à procura de encrenca.
E nosso anfitrião, Fabio FF também se apresentou com sua banda SODO, ao lado da baixista Jiliane e do baterista Régis - que se juntou a eles, me parece, em definitivo. Mesclaram músicas próprias com covers de muito bom gosto - Buffalo Tom, New Model Army e até Johnny Cash. Como já disse, tinha pouca gente, o lugar era grande demais, mas tudo ok, o show foi jóia, várias pessoas agitando 51"State of America na frente do palco.
Tocamos antes do Monaural, e foi tudo bem grasszadeuzz, abrimos com Granada e fechamos com Vergonha na Cara.
E ó, obrigado a todos pela receptividade. Tâmojunto, ok?
Agora, é Santo Antonio do Pinhal.
Bóra?"
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