sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Coisas de quem olha a prova.

Da minha janela vejo as cores brilhantes e até ofuscantes do tapete de sala encharcado de água e pendurado sobre o corrimão da varanda da casa de meus vizinhos... eses, reunidos em uma mesa e concentrados numa partida de dominó, observam as artimanhas e estratégias empregadas no jogo, enquanto aguardam uma nova rodada de cervejas e petiscos, trazida pela mulher rechonchuda e feliz que os prepara enquanto observa o vizinho da casa dos fundos dando banho em seu enorme, barulhento e irritante capa preta de nome Rode. Os pelos do cachorro estão molhados e brilhantes, tal qual o tapete lavado com tanto esforço, mas a junção do e cachorro e o tapete seriam um desastre quase completo! Enquanto a senhora divaga em seus pensamentos recheados de limpeza e higiene, o vizinho dono de Rode observa o vigor de seu belo cão, em contraponto a seu corpo cansado e já desgastado pelas circunstâncias, ou vicissitudes da experiência. Pensa que não se lembra de ter o corpo livre das dores, das marcas, dos traumas e das patologias. Quando se levanta sente dores nas costas, e com a cara retorcida pela dor me acena um boa tarde, observando as roupas que trago nos ombros para estender nos varais. O cotidiano apertado das periferias dos grandes centros urbanos abre os braços para o cessar das privacidades. Enquanto isso, tantos outros observam e tantos outros mais são observados.



07/10/2010.

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poesia de pureza.