Eu não tenho problema com trabalho. Não tenho preguiça de trabalhar, não tenho medo de uma carga muito grande e gosto muito do que faço. Sei que tenho grande afinidade com minha profissão, que é lindíssima, mas infelizmente tão desvalorizada, tão empobrecida e esquecida por nós mesmos, professores, que muitas vezes perpetuamos esses estigmas que se perpetuam em anos de educação mal elaborada e mal executada.
Os professores hoje não têm consciência de classe. Assim como a maioria dos trabalhadores, pois fomos ao longo deste último século sendo domesticados e manipulados a acreditar que a relação entre seu trabalho, seu patrão e você, enquanto trabalhador, é uma relação não de conflitos, mas sim de unicidade e de complemento, além de uma possível ascensão financeira obtida através do trabalho, uma propaganda ridícula que teoricamente aproximaria os trabalhadores de seus patrões... mas será que esses grandes capitalistas, donos de gigantescas companhias que controlam todas as vidas medíocres, que tomam decisões políticas de acordo com seus interesses estariam mesmo interessados em dividir seus lucros e benefícios econômicos, sociais e políticos com o restante da população?
Bem, esse é nosso presente, e enquanto educadores, estamos também presos à ideologia que nos engana e dizima nossas liberdades, nossas ideias e nossas atitudes, e é tão comum ver professores defendendo os patrões! É tão comum serem omissos a seus direitos, suas necessidades e suas possibilidades de mudança. Não enxergam o ensino como uma grande falácia onde apresentamos aos nossos alunos uns conceitos e modos de vida que só reproduzem e acentuam as diferenças, as desigualdades e anulamos as potencialidades de transformação social. Costumo dizes que nós professores nadamos contra a corrente, mas isso sim é mentira; na verdade são poucos aqueles que de fato nadam contra esta corrente: em sua maioria, esses componentes desta classe quase inexistente estão boiando sobre esta corrente, já sem forças de nadar, nem a favor nem contra, só sendo levados pela maré e pelas ondas que omitem e reforçam a opressão.
Ontem enfrentei uma situação muito constrangedora, humilhante e depreciativa. Minha sorte foi que meu querido estava comigo e rapidamente tomou a situação e a tornou favorável para mim, que me senti humilhada e mal tratada. É complicado exigir direitos nos dias de hoje!!!! E ainda reverteram a questão e a devolveram para mim em forma de ameaça, uma ameaça ridícula e mal fundamentada, mas foi aí que percebi que muito provavelmente fui "traida" por meus companheiros (eu diria mais precisamente minhas companheiras), que estão mais interessados em me apontar enquanto má funcionária, falando mal do estabelecimento e trazendo prejuízos para meus alunos. Sei, sei, é assim que continuaremos, essa foi uma das diversas situações já enfrentadas, e com certeza isso não mudará.
Não, não mudará. Pois só vou desenvolver minhas atividades plenamente satisfeita quando tiver respeito e direitos efetivados (quer dizer, nada adianta se não for real), e ainda existirão uma série de empresas que deturpam os procedimentos, omitem nossos direitos ou então arrumam desculpas para não pagá-los... Eu não vou me submeter aos caprichos de nenhum capitalista, principalmente quando existem aqueles discursos de vazia motivação, aquele lenga lenga besta de participação, compromisso e dedicação. Às favas!
Eu tenho consciência de minha classe, do poderio dos burgueses e suas artimanhas para nos engolir em jogos de suposta qualidade, manipulação e roubo. Não, não, ninguém tira de mim minha consciência limpa e meus direitos mínimos. Essa é uma vitória para mim, ter noção da realidade não estar inserida nela como um fantoche feliz, religiosamente doutrinado e cego.
Alguns apontamentos, alguns trechos e análises, algumas frases, reflexões e desvarios. Fotos também, assim como outras tantas artes (plásticas ou não!).
sábado, 20 de novembro de 2010
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