segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Alguma.

Gosto de
confabular.

Nunca me foi um problema!, disse.

Perder-se nos meandros
da imaginação
que levam
para além das
montanhas, das
mentiras, das
simplificações.

Não é demasiado
perigoso?
Forjar as maravilhas
que não existem,
fugir de uma realidade
que não nos pertence,
cair nos braços (ou garras?)
da infinitamente possível.

Jogo. Eu jogo, tu jogas, ele joga.
Do jeito que dá, porra, vamos logo
com isso.
Tudo acaba! Tudo se esvai.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Design no Brasil

A vida trás, mas nós sempre escolhemos. 
As pessoas vem e vão - tão rápidas! 
tão fugazes! - e algumas pessoas ficam.
Pra toda a eternidade. 
Mesmo quando se opta por errar. 
E, com todo o silêncio, a angústia, 
as distâncias e as "barreiras",
é com carinho quase birrento
que contemplo estes raios,
uma familiaridade tão doce e ácida 
ao mesmo tempo, tempo este que passou e
ainda passará mais. 
As lembranças são exaustivas e divertidas, 
os sorrisos são altos e graciosamente malucos. 
Ainda bem que o tempo é tempo, e passa, e deixa 
esse gosto suave de memória mergulhada 
no poço de profundidade infinita, de amor.   

"A Idade da Descrição" - Beauvoir

"Sempre olháramos longe. Seria necessário aprender a viver o dia-a-dia? Estávamos sentados lado a lado sob as estrelas, tocados pelo aroma do cipreste, nossas mãos se encontravam; o tempo havia parado um instante. Iria continuar a escorrer. E então? Sim ou não, poderia ainda trabalhar? Minha raiva contra Filipe esfumaria? A angústia de envelhecer me retomaria? Não olhar muito longe. Longe seriam os horrores da morte e dos adeuses. Seria dentadura, a ciática, as enfermidades, a esterilidade mental, a solidão em um mundo estranho que não compreenderíamos mais e que prosseguiria seu curso sem nós. Conseguiria não levantar os olhos para esses horizontes? Quando aprenderia a percebê-los sem pavor? Nós estamos juntos, é a nossa sorte. Nós nos auxiliaremos a viver nessa derradeira aventura da qual não retornaremos. Isso no-la tornará tolerável? Não sei. Esperemos. Não temos escolha."




parágrafo final da primeira história do livro "A Mulher Desiludida", de Simone de Beauvoir, intitulada "A Idade da Descrição". 

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

só está fora de moda, da ordem, da vontade coletiva, forjada pela manipulação de poucos de muitos interesses mesquinhos e vis... por isso é vista como crime, passível de violência do Estado de controle e poder.  
invasivo esse evasivo vazio em mim. 

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Poesia é nous, um movimento. 
A contemplação simples do jogo, 
a falta de finalidade, ou de 
uma justificativa prática; é. 


O cosmos mecânico anaxagórico
captado por palavras que de fato
não exprimem a verdade intuitiva,
reduzindo o irredutível, o mistério. 


As escolhas substanciais, 
do caos ao cosmos colorido,
são semente para inspirações, 
para o vir a ser, para não ser, 
para amar, para versos e cantigas, 
para um movimento! 

poesia de pureza.