Quando se percebeu no mundo, era tudo
ilusão. Suas palavras descoradas mentem sobre sua fantástica mania de se
descolar do real, e frente ao cotidiano que escorre em mesmices e rotinas de
ordens e repetições, a fuga é recorrente, também inevitável. Perceber é tanto
cair de um abismo de descontentamentos quanto recriar o que não foi, o que
seria, o nada quase eloquente. Resistir é fingir, é reelaborar, e de em quando
em quando encantar-se com os sonhos que são frágeis fios de condução de algum
sentido, de alguma saída. O caos é contemplado de perspectivas doces, desde o
tempo que não se sabe mais, posto que é da força perdida que retira a força que
orienta sua conexão com o mundo, este que só assiste o crescimento desesperado
da descrença, das violências e dos ódios gratuitos porque fundamentados em
moralidades enviesadas e reduzidas ao ataque ao diferente, quando ser só é
permitido se formatado naquele modelo de suposta boa conduta e de consumo
contente. Enquanto isso tudo explode em sangue, perseguições e perdições, a
dança do vazio é contemplada, os delírios são valorizados porque genuínos,
quase um produto da esperança revoltada mas que não abandona nada, o céu, o
sol, o mar de água salgada e potencializadora. Reúne a inocência de não estar,
a resiliência de ser quase humano, a auto insatisfação da covardia, e com a
face lavada pela chuva e alimentada pelo vento encara a existência, pois assim
não vai desistir, carregando o peso da Vida com seus perigosos enganos e
algumas doçuras de encantos. Firme caminha pelo vale da solidão, com um sorriso
ou outro gracejo para a escuridão de sua alma. Uma brincadeira boba de viver
para sobreviver.
Alguns apontamentos, alguns trechos e análises, algumas frases, reflexões e desvarios. Fotos também, assim como outras tantas artes (plásticas ou não!).
quinta-feira, 24 de novembro de 2016
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