segunda-feira, 26 de julho de 2010

Prosa de Sartre transformada em poesia:

"Caruso engolio olhos crus
todas as noites, mas
fora disso era sóbrio como um
camelo.
Uma senhora fez um ramalhete
com os olhos
de sua família e lançou-os
ao palco.
Todos os inclinaram
diante
desse gesto exemplar.
Mas não se esqueçam
de que sua
glória
durou 37 minutos; exatamente
depois do primeiro bravo
até a extinção do grande lustre
da Ópera


(daí em diante foi preciso que ela trouxesse na trela o marido, laureado de muitos concursos e que tapava com duas cruzes de guerra as cavidades róseas de suas órbitas).


E notem bem isto:
todos aqueles
dentre nós que comerem
muita carne
humana em conserva
perecerão de escoburto."

pág. 160 e 161 - narrativa "A infância de um chefe", do livro "O Muro".

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poesia de pureza.