domingo, 11 de dezembro de 2016

Ai, que me traga cores!
Que me arranque as dores!
No peito fique só a saudade, 
aquela que a gente mata com gosto!

Que me tente a sorte,
e junto dela os perfumes
de viver, de cantarolar, 
de preencher e então
somos o mundo,
somos a infinitude 
de querer. Me colore!

Ai, que me traga desafios!
Que me arranque os enganos!
No teu peito só a vontade, 
aquela que alimenta caminhos!
há algum encanto
no desencanto,
alguma beleza
em flores murchas.
uma promessa
na música que finda

há alguma esperança
no fim daquele beijo e
alguns suspiros de prazer
na despedida.
a louca alegria
guardada no próximo dia.

sábado, 26 de novembro de 2016

Amor

Mergulho no Movimento,
o Vento, a Chuva, as ondas do Mar
Em minha lentidão caminho,
Aprendi a Contemplar
sou Parte, sou Toda;
Há Amor em Tudo.
Ah! Que respiro o Caos,
aquele que preenche os buracos,
engendra Perfeita Sintonia e
Todos somos os Ancestrais Fundamentais
Vento, Chuva, as profundezas do Mar
Dançamos a dança do início, pois
Há Amor em Tudo.

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Encarnação.



Quando se percebeu no mundo, era tudo ilusão. Suas palavras descoradas mentem sobre sua fantástica mania de se descolar do real, e frente ao cotidiano que escorre em mesmices e rotinas de ordens e repetições, a fuga é recorrente, também inevitável. Perceber é tanto cair de um abismo de descontentamentos quanto recriar o que não foi, o que seria, o nada quase eloquente. Resistir é fingir, é reelaborar, e de em quando em quando encantar-se com os sonhos que são frágeis fios de condução de algum sentido, de alguma saída. O caos é contemplado de perspectivas doces, desde o tempo que não se sabe mais, posto que é da força perdida que retira a força que orienta sua conexão com o mundo, este que só assiste o crescimento desesperado da descrença, das violências e dos ódios gratuitos porque fundamentados em moralidades enviesadas e reduzidas ao ataque ao diferente, quando ser só é permitido se formatado naquele modelo de suposta boa conduta e de consumo contente. Enquanto isso tudo explode em sangue, perseguições e perdições, a dança do vazio é contemplada, os delírios são valorizados porque genuínos, quase um produto da esperança revoltada mas que não abandona nada, o céu, o sol, o mar de água salgada e potencializadora. Reúne a inocência de não estar, a resiliência de ser quase humano, a auto insatisfação da covardia, e com a face lavada pela chuva e alimentada pelo vento encara a existência, pois assim não vai desistir, carregando o peso da Vida com seus perigosos enganos e algumas doçuras de encantos. Firme caminha pelo vale da solidão, com um sorriso ou outro gracejo para a escuridão de sua alma. Uma brincadeira boba de viver para sobreviver.

Emaranhado.



Levante os olhos para a poeira que formei,
Cantando as preces mais potentes.
Decifre agora os códigos que carrego no peito
Suga toda a gigantesca doçura desta alma
Que carrega almas de outras fortalezas.
Vamos chorar toda a dor e todo o amor,
Emaranhados, por todos os lados,
Envolvidos por isso que nem sabemos o que é,
Tratemos de desconstruir, incluir, resistir,
Sorrindo, e cantarolando baixo todas as aventuras:
Rotinas, penúrias, aquelas iluminações pequenas.
Imensidões de nós.         

Palco isolado de todos nós.



O que fazemos é nos esconder. Ficamos enfurnados em casa, poderosos e atrozes por detrás da arma mais letal que inventamos para nossa perdição, que potencializa o que há de mais podre em cada um de nós, em cada canto do mundo. O muro tecnológico oferece ferramentas de guerra, fácil alcance e nenhuma necessidade de confronto real, e neste mundo paralelo posso ser quem eu quiser, posso dizer o que quiser, posso vomitar todas as minhas frustrações, ódios e recalques. A poderosa máquina nos revelou mais violentos, mais imediatistas, mais mentirosos, e somos capazes de esquecer o quão covardes somos, que nada sabemos, que nos controlam como a marionetes estupidamente conformadas. Através do computador podemos então revelar o que levamos na alma, aqueles pensamentozinhos medonhos que costumávamos guardar para nós mesmos, aqueles que só falávamos quando muito provocados, aqueles que ficavam enterrados embaixo da falsa cortesia, do bom senso mínimo, da vergonha própria e alheia. Agora estes mesmos juízos que atropelam a dignidade humana, a solidariedade, a educação e o amor ao próximo são motivos de comemoração, de compartilhamentos, de continuidades grotescas, numa sequência assustadora de palavras ofensivas que a cada momento são postadas como verdades das menos incontestáveis. Nossos monstros estão mais aparentes do que nunca, ratificados uns nas palavras e ações dos outros monstros, postos para fora com orgulho e apoiados pela massa egoísta e formatada.

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Meu desejo era escrever um conto. Mas, tola que sou, penso que um conto, para ser contado, necessita de leveza, de adoráveis e atrativas palavras, uma história suave, curta, talvez até um pouquinho feliz. Então penso no tempo em que vivemos, em todas as atrocidades que cometemos, que reproduzimos, que aprovamos ou que simplesmente fingimos não acontecer, penso na ignorância e nas violências que crescem assustadoramente, penso no vazio que carregamos em nossos corações e mentes, em nossos celulares cheios de fotos com poses. Que contar? Escrever talvez um conto macabro, uma reportagem de um jornal inexistente, revelando verdades, sendo imparcial e cruelmente real? Que desejos são esses que carregamos? O quão egocêntricos e hedonistas somos e seremos? Qual o resgate devemos empreender para construirmos contos que possibilitem mudanças, ou que reconheçam as necessidades de mudar? Sinto que o tempo passa, e carrega com ele a humanidade que tivemos. Engolidos pelos desejos do mercado, que nos dita as regras, as dores, os amores,  o que devemos fazer, como pensar. Nos arrastamos em dias de semana exaustivamente trabalhados, e fins de semana porcamente aproveitados. Não nos reconhecemos no Outro, e somos alvos constantes de críticas e cobranças, parte de um jogo irracional e cruel de fazer sofrer, competir e denegrir. Meu conto se esvai em contos de terror de todos os dias, esparramados nos sofrimentos, mortes e perdas de quem nem sei, enclausurada na torre que desejei erguer para ser menos monstro, mais solitária. 

paul lewin


Estes teus vícios sórdidos, 
o teu ouro não me aprisiona
e tuas doenças são para mim
as pegadas de tua perdição. 

Não posso chorar por
todas as energias furtadas,
só a solidão basta para 
te silenciar. 

Não teime em desafiar
os trabalhos, os dias, 
as profundezas,
eu construo minhas armaduras
eu vivo para tecer 
eu canto as trajetórias. 
Os socos no estômago são 
para mim sopros de inspiração. 


sexta-feira, 13 de maio de 2016

Sussurramos justiça...
Na garganta, entre o choro  
e o grito
um desconforto enorme
nó do tamanho de nossas perdas. 
Nó que nos enforcará em breve, 
na dignidade de mulheres, crianças, 
no desamparo a estudantes e adolescentes, 
negras, negros, pobres, nordestinos, 
nos enganos calculados
que submeteram a todos nós. 
Esses dias são de lamentos, 
de vergonha e tristeza, 
dias historicamente 
humilhantes. 

terça-feira, 5 de abril de 2016

Me rondam as cores
perseguem minhas veias,
deixam em colapso meus pulmões.
Sopros de azuis e
jatos de amarelo no meu rosto,
o vermelho sussurrando em meu ouvido.
Carregam em mim suas
potências escondidas
os tesouros do roxo,
os lamentos do rosa,
choca-me suas violências
as gargalhadas do laranja,
os sorrisos descarados do verde.
Me procuram, me invadem
e eu desisto, descanso em arco íris. 

segunda-feira, 21 de março de 2016

então, escuta-me amigo
hoje carregamos um corpo semi morto
nossa coragem... esfacelada
desfigurado o desejo irreconhecível
enquanto isso, meu amigo,
o espelho te apresenta
te presenteia com os bicos
os falsos sorrisos
amigo, carregamos o ideal 
aquele de outrora estampado
agora subversivo, quase maldito
arrastado pelo chão
violência justificada
pela ordem e moral forjadas
amigo, o choro amargo
o doente está em todos nós
mas no espelho te apresenta
hedonismo em poses sem sentido
tudo perdeu o sentido
somente o ódio tem força
deixa, amigo, ele te arrasta 
em cores de patriota idiota
em frases pobres, podres, podadas
grita amigo, enquanto morremos
grita amigo, enquanto publicamos 
o vazio de cada um de nós, 
atolado de enganos.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Sai por aí, recolhendo palavras
uma aqui, mais outra acolá,
procuro pelo perfeito, 
mas quem me encontra 
são meus desvarios doces. 

Recolho uma palavrinha ali, e
com um palavrão eu me resolvo
me dou conta de quem não sou,
onde caminhos se desencontram

Algumas aparecem nos sorrisos
alheios a mim, em outras bocas,
são flores com perfume de sentido

Eu gosto mesmo quando carregam 
as aventuras da rotina de ser, só

Quando falar é poesia de viver tudo

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Paul Lewin - "The Crow and the Carnival King"


Periódicos.

As crônicas da mentira, criadas todo dia, estimulam os ódios e a segregações, em desequilíbrio e sem pudor. Quando amanhece já estão prontas. Contam histórias violentas, outras tão bobas e sempre repletas de pormenores que decapitam desejos, dos mais simples e puros, aos mais famintos de sangue e igualmente ingênuos, numa ordem dita natural. A máquina de matar não quer dividir, não vai possibilitar, vai colaborar somente com suas próprias engrenagens sujas, de óleo velho, de dinheiro emporcalhado e da vontade de poder sem freios, animalesca demais, que veste um belo traje racional e bem amparado por teorias sem sentido afastadas de todos nós, antessalas do inferno. Publicadas, tornam-se verdades incontestáveis, pela preguiça, pela limitação produzida. Quão fácil suprimir vidas, aniquilar sonhos, calar lutas. Veta úteros, queima inocentes, empodera as vozes que reverberam suas sentenças de morte, de vida eterna, seus crimes e suas aspirações porcas. Todos impossibilitados, alguns ainda gritam o que consideram verdades, levam consigo seus escudos de mais teorias e algumas experiências doces, ideais cristalizados. Nada, e quem aquilatar os escritos, perdidos com o vento, terá angústias garantidas, fomentadas pelo desejo humano, demasiadamente humano, de conhecer.  
Por onde vai, corre o vento
encanta a brisa de cheiro doce
desliza em flores e cores
pelo céu deixa as marcas do que é,
já foi, respira desejos que crescem
no peito que aspira sua vida
cede às nuvens seus sorrisos
grita ao coração que germina
as sementes de suas lembranças
forja as armas para os confrontos
de todo dia, os instantes alegram-se
caminhando preguiçosos e juntos. 

domingo, 31 de janeiro de 2016

"Há muito, sou muito!"
Ai! Que me enche o peito as vontades de engolir o mundo!
Engolir, digerir e absorver as dores e alegrias que são combustíveis pra alma.
Combustíveis para ação e produção, para sentir belezas e quebrar barreiras!
Desafiar as crenças impostas, estatísticas monótonas que se repetem ano após ano.
Engolir esta forma insossa que já não me serve mais.

Desafio derrubando! Desafio questionando! Desafio produzindo e rindo, rindo de mim e do normativo!
Desafio engolindo e me permitindo eliminar, excretar, despejar, tudo que de alguma forma, bem , não me faz mais.
Permito-me desafiar! A mim mesma, aos padrões, ao normal, ao imposto!
E assim encho o meu peito de vontades...de ser, de rir, de questionar ,de produzir e de me permitir sentir essa intensa vontade de engolir o mundo.

Poesia coletiva! Eu e Fabíola Soares!       

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

"Peguei até o que era mais normal de nós
E coube tudo na malinha de mão do meu coração"

lindo, linda, lindeza de poesia cantada! Canta, Liniker!



Será, será, será
Que voltarei a escrever
Fazendo escorrer
por entre os dedos
Desejos, medos, afetos,
Tudo insatisfeito na bagunça
de mim? 
Será! Serei!
Sereia, hahaha

poesia de pureza.