Sei também que a condição do professor neste país é lamentável, quase um caso perdido. Por isso tenho resistência em assumir aulas numa escola pública: um misto de despreparo e medo, um grande receio de não conseguir levar adiante um projeto que na faculdade era um sonho bonito, bem colorido e cheio de resultados positivos estupendos.
Nós recebemos mal, temos uma série de problemas com o ambiente de ensino e ainda temos que motivar alunos que há muito tempo foram ceifados de nós; apesar do termo bastante pesado, concorremos hoje com tecnologias e consumismos que enganam e condicionam nossos alunos, e cada ano que passa perdemos um pouco mais para tudo isso. Então, é problema do professor se não conseguimos motivar nossos alunos, é problema do professor se a aula tem baixo rendimento, é problema do professor se ele não concorda em ter um "fiscal" dentro de seu espaço de construção de saber.
Essa é a visão que essa mídia filha da puta (revistas Veja e Época, só um exemplo bem básico), vazia e estúpida, que insiste em defender um modo de vida norte-americano, tem de nossa educação: os professores são alvos constantes de ataques e cobranças absurdas! Todos à merda, pois que adianta tentar argumentar com essa elite burra?
Ainda por cima, temos tantos pequenos problemas no ambiente de trabalho, pois as pessoas não conseguem controlar seus impulsos e instintos e desejos e simplesmente se atropelam a todo instante, são conversas e falatórios que infantilizam adultos que deveriam se unir e aproveitar as diversas experiências para propagar conhecimento. Mas não, pois o que fala mais alto são os pontos a mais com o patrão, o tempo de serviço na escola, os problemas pessoais mal resolvidos que ficam estampados no rosto das pessoas, nos seus gestos e atitudes. Somos todos perdedores, numa luta quase vã, brigando entre nós mesmos para conseguir a melhor fatia da carne de segunda que nos oferecem. A disputa do comodismo e dos egos inflamados.
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